Ralph Tórtima Stettinger

Meu querido mestre Goffredo: confesso que me senti muito prejudicado por não ter podido estar presente, em face de razões intransponíveis, à justíssima homenagem que lhe foi prestada no dia 16, na nossa casa de arcadas. Primeiro, porque não pude vê-lo; também, porque me impossibilitou de lhe dar o abraço apertado que o afeto exigiria; ainda, porque me privou de ouvir-lhe a palavra vibrante, corajosa, que, invariavelmente, abre horizontes, descortina caminhos; enfim, fazendo a síntese, porque me subtraiu a chance de, pelo menos, amenizar (matá-la é literalmente impossível) a saudade que nos fustiga forte desde os tempos daquelas aulas magistrais que o fizeram o ídolo de todos os que, encantados, o escutávamos em silêncio de oração. Afinal, mestre, os tantos, como eu, que tiveram um dia a felicidade extrema de conhecê-lo, jamais conseguirão tirá-lo da lembrança, nunca deixarão de admirá-lo e de tê-lo como exemplo de firmeza ímpar, de obstinação no perseguir ideais voltados à proteção dos órfãos de direitos, de coerência nas posições assumidas, de desprendimento humano, de espírito solidário, de impressionante lucidez, de desassombro no enfrentamento dos poderosos da hora, de lealdade aos amigos e aos companheiros de luta, de visão de mundo diferenciada, de rara sensibilidade ante o sofrimento do próximo e de tanto e tanto mais que poderia até tornar-se fastidioso enumerar – atributos que, infelizmente, vão rareando mais e mais, a cada dia, no contexto da realidade árida que nos envolve e constrange, na qual os antivalores vão marcando predomínio e as inversões ganhando acelerada dianteira. Por tudo isso é que me senti frustrado ao ter de faltar às homenagens tributadas a esse sábio que o Brasil reverencia, ao nosso mestre Goffredo que, já vencidas décadas desde aquele primeiro contato inesquecível da primeira aula, prossegue a nos orientar os passos, a nos iluminar os caminhos. Parabéns, professor. Parabéns, amigo. Parabéns (permita-me), companheiro. Continuemos juntos. Não nos apartemos, nunca. Sua trincheira sempre será a minha. Suas lições sempre me serão presentes. Desejo-lhe tudo de melhor a que um ser humano poderá aspirar na vida!!! Abraça-o, com carinho, seu ex-aluno, seu admirador incondicional,